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19 de Abril de 2024
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    Palestra de Paulo Volker lota auditório do TRT

    Magistrados e servidores assistiram nesta sexta, 27 de agosto, no auditório do TRT-MG, à palestra do filósofo Paulo Roberto de Melo Volker sobre Ética nas relações de trabalho: Uma reflexão sobre o universo da ética na sociedade contemporânea.

    Assistiram à exposição de Volker os desembargadores Márcio Flávio Salem Vidigal, Paulo Roberto Sifuentes Costa, Cleube de Freitas Pereira, vice-presidente administrativo e Sebastião Geraldo de Oliveira

    O palestrante inicia a sua fala com uma frase intrigante, que remonta à teoria de Descartes: "Nunca percamos a percepção do todo, mas tenhamos a percepção de que o todo é composto por partes" . Para ele, o problema ético das relações de trabalho, hoje, é que, geralmente, se vê o gesto apartado do todo, quando, na realidade, o mundo moderno não mais nos permite a interpretação cartesiana, por demais simplificada: temos de ver o todo para compreender a parte. "Essa é a base da ética moderna" , pondera, "é preciso compreender que o gesto faz parte do todo" .

    Nesse ponto, retoma Sócrates, para quem todos têm conhecimento e sabedoria, só é preciso lembrar, despertar essa consciência. E, por isso, é preciso perguntar. Para Wolker, a máxima do filósofo "conhece-te a ti mesmo" é essencial e vale ainda hoje, em pleno Terceiro Milênio.

    Paulo Wolker respalda o seu discurso ético nos estudos de Paul MacLean que, a partir do mapeamento do cérebro, formulou a revolucionária teoria triencefálica, pela qual há três áreas distintas no cérebro, cada qual responsável por um tipo de estímulo e reação humana. Uma dessas partes, bem pequena, responde pelas estruturas básicas de sobrevivência, que garantem a vida, provocando reações, como sono, fome, frio etc. A outra estrutura, também de tamanho não muito significativo, é responsável pelo emocional, estimulando os desejos e ações que respondem a esses desejos. Já a terceira estrutura, que corresponde a 2/3 do cérebro, o neocórtex, é a parte nobre, que comanda as atividades mentais de elaboração conceitual. Só o neocórtex é capaz de buscar um significado, um sentido para as coisas.

    O palestrante explica que essas três estruturas trabalham juntas - nenhuma parte do cérebro funciona sem a outra - mas é possível que haja soberania de uma sobre as outras. Por exemplo, se decidimos fazer jejum ou parar de fumar, isso demonstra a soberania do neocórtex sobre as duas outras estruturas, que só são capazes de produzir a manifestação de desejos e/ou necessidades vitais, como fumar ou comer.

    Ética segundo Volker: "é preciso ver o gesto com parte do todo"

    De acordo com Wolker, ao realizarmos um gesto ético, a maior parte da estrutura do cérebro (neocórtex) trabalha e brilha. Ele demonstra espanto diante do fato de que essa é a estrutura cerebral menos utilizada hoje na humanidade, que usa apenas 10% de sua capacidade encefálica, concentrada na parte vital: "Ora, se a maior parte da cabeça é a que menos usamos, o que está acontecendo com a humanidade?" , questiona.

    Para que possamos ativar esse centro ético, é preciso que exerçamos o "controle das fomes", que dominemos essa parte, por assim dizer, animal e instintiva. Com isso, é possível entender, por exemplo, o que está na cabeça de um criminoso, que mata por um nada, apenas para satisfazer as suas fomes, utilizando apenas essa pequena parte instintiva do cérebro, por não ser capaz, naquele momento, de ativar o neo-córtex e produzir uma atitude ética, pensada, raciocinada, ponderada.

    Mais uma vez, o palestrante retoma as lições de Descartes e Sócrates. "Só é possível controlar as minhas fomes se eu sei quais são essas fomes" , ensina. Por isso, é tão importante o autoconhecimento, bem como a visão do todo e da parte como componente essencial desse todo.

    Transpondo esse discurso ético para a teoria gerencial, Wolker pondera que, se uma instituição não tem estratégia ou missão social, ela não terá sentido. "É preciso ter sempre em mente, no trabalho, ou na vida: qual é a minha visão de mundo, a minha estratégia ou objetivo, onde quero chegar e qual é o sentido disso tudo" , pontua.

    Ele esclarece que, para a sociedade ou o coletivo, ser ético é muito importante. Mas a questão ética é, acima de tudo, individual, é uma questão de posicionamento na vida. "Na medida em que eu penso em questões como solidariedade ou verdade, estou lidando com uma parte do cérebro que não trata apenas da sobrevivência, o neocortex, que é acionado por abstrações, conceitos, paradigmas, valores. Nesse exercício, o neocórtex ativa milhões de novas ligações e é isso o que me faz único, o que me destaca dos outros" .

    Para ativar esse centro nobre do cérebro, o palestrante aconselha os presentes a sempre ter Descartes e Sócrates a seu lado: "É preciso que você sempre se pergunte o que está fazendo aqui, que contribuição deixará paras as futuras gerações, como será lembrado no mundo? Isso é ser ético" , finaliza. (texto Margarida Lages/Fotos Madson Morais)

    A palestra, acompanhada por auditório lotado, foi organizada pela Assessoria de Planejamento Estratégico e Diretoria de Recursos Humanos do TRT

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